domingo, 6 de junho de 2010

ANÁLISE DO LIVRO

DOM QUIXOTE - MIGUEL DE CERVANTES

Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.
DRUMMOND.

Miguel de Cervantes foi escritor, poeta e autor teatral espanhol nascido em Alcalá de Henares, e um dos mais importantes da literatura universal, criador de Dom Quixote, uma das obras-primas de todos os tempos. Estudou em Valladolid e Madri, tornou-se soldado na Itália (1569) e participou da vitoriosa batalha naval de Lepanto, Região do Oriente Próximo, contra os turcos (1571), em que saiu gravemente ferido.
Participou da expedição contra Túnis (1575), foi feito prisioneiro por um corsário árabe e passou cinco anos no cativeiro até ser resgatado por um religioso trinitário (1580). De volta à Espanha conseguiu um emprego de coletor de impostos e passou a escrever nas horas vagas até que conseguiu recursos para publicar sua obra prima: Dom Quixote (1605) cuja primeira tradução para a língua portuguesa foi impressa em Lisboa (1794).
A partir de então, conseguindo ajuda financeira, pôde se dedicar exclusivamente à literatura. Outras obras de grande relevância do autor foram La Galatea (1585), Novelas ejemplares (1613), Viaje al Parnaso (1614) e uma coletânea teatral Ocho comedias y ocho entremeses (1615). Dramaturgo de inspiração variada e muitos recursos não tiveram, porém, grande êxito no teatro porque foi eclipsado por Lope de Vega, e morreu em Madri em 23 de abril (1616).

SINOPSE DO LIVRO

A história começa após o nosso cavaleiro – D. Quixote de La Mancha - ler muitos livros sobre cavalaria andante, o que o leva a enlouquecer e em consequência sente a necessidade de também imitar os cavaleiros andantes.
O nosso cavaleiro veste uma velha armadura, pertença dos seus ancestrais, convida o seu vizinho Sancho Pança (prometendo-lhe, que se fosse seu fiel escudeiro, este lhe daria o governo de uma ilha), monta o seu cavalo, que batiza com o nome de Rocinante, e transforma-se no Dom Quixote. Cavaleiro, escudeiro, cavalo e burrico, partem em busca de aventuras, salvando e protegendo fracos e oprimidos, donzelas em perigo e tantos outros injustiçados.
Os feitos que esperava realizar, dedicou-os por antecipação, à donzela Dulcinéia del Toboso, na verdade, uma simples camponesa da região em que ele vivia, mas que na sua prodigiosa fantasia de doido era a mais digna das damas. Tudo tão irreal quanto o demais.
Durante as suas aventuras, Sancho Pança, tenta inutilmente incutir em D. Quixote algum principio de realidade, isto porque durante todo o tempo o cavaleiro oscila em melancólicos sonhos.
D. Quixote é visto como um louco, de quem as pessoas zombam e ridicularizam. Tem, no entanto, momentos em que é sábio, filósofo e poeta, de um mundo que o reprime que zomba dele, que o humilha, não reconhecendo a sua bondade infinita e o seu desejo incansável e extraordinário de salvar o mundo.
A história continua, quando um amigo seu, disfarçado de cavaleiro propõe-lhe um dueto, cujo oponente que for vencido terá que obedecer ao vencedor.
D. Quixote perde e, como pagamento, o cavaleiro vencedor exige-lhe que deixe a vida de cavaleiro andante e que volte para casa. No caminho começa a idealizar uma vida amena e tranquila no campo, onde ele e o seu amigo Sancho viveriam à moda de pastores ao lado das suas “Dulcinéias”. Mas felizmente recupera-se da sanidade e poucos dias depois morre.
Há muitas passagens no livro que merecem ser visitadas; entre as quais se distingue o seu encontro com os moinhos de vento, confundidos com gigantes e a qual transpomos seguidamente:
“- A aventura nos vai guiando melhor as coisas do que pudéramos desejar; ali está, amigo Sancho Pança, trinta desaforados gigantes, ou pouco mais, a quem penso combater e tirar-lhes, a todos, as vidas, e com cujos despojos começaremos a enriquecer; será boa guerra, pois é grande serviço prestado a deus o de extirpar tão má semente da face da terra.
- Que gigantes? - Inquiriu Sancho Pança.
- Aqueles que vês ali, com grandes braços - respondeu-lhe o amo; - alguns há que os têm de quase duas léguas.
Com certeza não eram gigantes que o cavaleiro da triste figura mostrava ao seu fiel escudeiro Sancho Pança, eram moinhos de vento! [“…]”.

ANÁLISE ESTRUTURAL

A obra de Cervantes – Dom Quixote de La Mancha é constituído por duas partes: a primeira que surge em 1605 e outra em 1615 (escrita um ano antes do falecimento do seu autor). A segunda parte que fazemos aqui referência, só surge pelo fato de uma edição falsa de um Dom Quixote fatalmente falso, ter surgido. Esta falsa edição perturba bastante Cervantes, fazendo-o publicar a sua verdadeira continuação e fazendo questão, desta vez, de deixar o seu herói morto para que ninguém pudesse continuar a sua história.
Em princípios de Maio de 2002, uma comissão de críticos literários de várias partes do mundo escolheu o livro “Dom Quixote de La Mancha”, como a melhor obra de ficção de todos os tempos.
Cervantes encontrava-se enfadado com o sucesso que o gênero literário dos romances de cavalaria havia tido junto do grande público, pelo que escreveu a sua obra e ao mesmo tempo, em que narrava os feitos do cavaleiro da triste figura, realizou também uma das maiores sátiras aos preceitos que regiam as histórias fantasiosas daqueles heróis de pacotilha e aos heróis vigentes na época.

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